sábado, 9 de janeiro de 2010


Paro e olho minha vida, minha vida pela janela. Olho o que acontece com ela por trás do vidro, uma janela velha, enferrujada, vejo minha vida passando. Acabando. Sinto que quanto mais eu corro, mais permaneço no mesmo lugar. Eu prometi que mudaria as coisas, a situação, mas ainda não consigo mudar a mim mesma, não consigo se quer, parar de chorar. Coisas e pessoas ainda me machucam, saudades me sufocam...e eu me afogo com essa solidão proposital e medo fora do normal. Não é que a vida tenha sido injusta, eu quis muito uma coisa, e eu consegui, só que agora perdeu a graça e eu não quero mais. Eu só quero o impossível: a minha vida de volta. A minha alegria de viver e amar as pessoas da forma que elas merecem, eu preciso aprender a gostar da minha própria companhia e perder o medo de ficar sozinha comigo mesma. O meu mundo não é nada mais do que aquilo que eu mesma construí, ou seja, um buraco sem fim. Eu olho pessoas que me amam, que me olham e me cuidam, e eu não consigo me sentir totalmente preenchida. Eu sei que pessoas normais continuam a trajetória normalmente passado alguns dias...se passaram anos e eu continuo igual, eu minto a mim mesma, eu tento de tudo e eu não consigo admitir que agora estou sozinha, que agora ninguém vai me segurar, ninguém vai tomar as dores por mim, ninguém vai me defender, ninguém dará a própria vida por mim. Eu sinto falta do que eu fui, do que eu era. Eu era feliz. É dificil acreditar que essa pessoa que hoje só chora e vive pequenos instantes de alegria, um dia, foi feliz completamente. É difícil admitir que se quer estar lá. E daí que tudo isso não seja suficiente? Não interessa quantas roupas, carros, ou qualquer outra coisa que seja você tenha quando não se tem o mais importante, que pra mim, é ele. Eu já tentei de tudo o que eu sabia que poderia ter feito, quando me ferraram eu levei a pessoa pro buraco comigo, quando eu vi alguém se fodendo, ao invés de tomar as dores e a culpa, eu sentei e dei risada, não me estressei tentando ajudar alguém que jamais me ajudaria, eu tirei sangue da pessoa que me causou tudo isso e eu me senti feliz! Eu dei valor a quem me deu valor, eu mandei se foder quem me fez chorar. Eu virei as costas a quem me fez sofrer. E eu paguei a muito gente com a mesma moeda. E eu realmente me senti bem por isso. Vingança? Sim e daí? Eu sempre fui assim e por muito tempo estava escondendo isso...e pra que? Me senti feliz? Não! Então ta na hora de gritar, expor a bunda na janela e gritar o quanto eu odeio muita gente, mandar calar a boca quando me irritam. Chega de ser educada e delicada. Quem está morrendo por causa disso sou eu! Chega de me estressar...se fosse fácil assim...se tudo isso diminuisse o vazio e a falta que ele faz. Aprendi assim, a nunca mais me apegar a alguém, a nunca mais querer dividir a minha vida com alguém. Porque eu não terei tempo de fazer isso. Eu sei que a vida é muito mais do que isso, para os outros. Pra mim não. Ninguém vai entender por completo o que eu digo, penso e sinto. Porque ninguém viveu o que eu vivi. Eu minto. Sim eu minto, eu menti quando disse que não queria mais isso, mas eu quero, como eu quero, porque eu não sei continuar sozinha, eu não sei pra que lado ir, que escolha fazer, e eu preciso que alguém me diga. Eu preciso de alguém segure firme o meu pescoço com a mão e diga que ficará tudo bem, que me de colo e me deixe chorar. Chorar aquilo que eu não sei colocar em palavras, porque meu dicionário é muito pequeno pra tudo aquilo que eu preciso expor ao mundo, que eu preciso gritar. Eu ainda escuto barulhos pela casa, vozes e pessoas caminhando, sinto presenças de pessoas que não estão aqui, e jamais estarão. Sinto perfumes que não existem mais. Quero pessoas. Me sinto bem em lugares estranhos. E sinto uma enorme vontade de ir. Pra onde? Eu não sei. Mas quero ir, pra longe, pro alto, pra frente, não, acho que eu preciso ir pro lado, eu não quero que ninguém mais me acompanhe, e todos vão pra frente, eu preciso ir pro lado, estar sozinha no meio da multidão. Medo de sentir medo. Medo do claro e do escuro. Medo de perder a presença dele. Eu não sei até onde eu irei com isso, eu não sei o que eu vou conseguir com isso. Eu tento preencher esse vazio de todas as formas, e eu me frustro porque eu não consigo.

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