segunda-feira, 30 de novembro de 2009


"Essa vida viu, Zé. Pode ser boa que é uma coisa. Já chorei muito, já doeu muito esse coração. Mas agora tô, ó, tá vendo? De pedra. Uma tora. Um macho. (...) Sabe Zé, no começo doeu não sentir nada. Mas eu consegui. Eu não sinto nada. Nada. Nem pena do mundo eu consigo mais sentir. Minha pureza era linda, Zé, mas ninguém entendia ela, ninguém acolhia ela. Todo mundo só abusava dela. Agora ninguém mais abusa da minha alma pelo simples fato de que eu não tenho mais alma nenhuma. Já era, Zé. É isso que chamam de ser esperto? Nossa, então eu sou uma ninja. Bate aqui no meu peito, Zé!? Sentiu o barulho de granito?"

Ser forte...


"... é amar alguém em silêncio.
... é deixar-se amar por alguém que não se ama.
... é fingir alegria quando nao se sente.
... é sorrir quando se deseja chorar.
... é consolar quando se precisa de consolo.
... é calar quando o ideal seria gritar a todos a sua angústia.
... é irradiar felicidade quando se é infeliz.
... é esperar quando não se acredita no retorno.
... é elogiar quando se tem vontade de maldizer.
... é manter-se calmo no desespero.
... é fazer alguém feliz quando se tem o coração em pedaços.
... é ter fé naquilo que não se acredita.
... é tentar perdoar alguém que nao merece perdão.
Ser forte é, enfim, viver quando já está morto.

Por isso, por mais difícil que seja a vida: Ame-a e seja forte!"

[Autor desconhecido]

domingo, 29 de novembro de 2009

A armadura


Ainda naquele dia, ela juntou todos os pedacinhos e levou pra sua antiga casa para colar. Mas ela nunca mais ficou a mesma. Aqueles remendos em formas de cicatrizes ficaram visíveis e tem dias que ainda doem, principalmente em dias de chuva como aquele. Com o passar do tempo, dia a dia, ela foi construindo uma armadura ao redor do seu próprio corpo, e não deixou ninguém se aproximar, ninguém tocar...Ela ficou mais frágil do que sempre foi, tem mais medo do que sempre teve, mas tem uma postura de mulher maravilha, alguém inatingível. Mas agora, depois de tanto tempo, alguém chegou por trás e a abraçou, com armadura e tudo, e tenta se aproximar, tenta desarmá-la, mas ela não consegue, ela não deixa, até porque, ninguém perguntou se ela queria alguém por perto, ela aprendeu a se cuidar sozinha, e ela gostou tanto dessa solidão acompanhada, que nada a fará mudar de opinião...só mesmo a vida, que lhe cobra respostas de perguntas que ela ainda não sabe quais são...

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Caio Fernando Abreu

Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas... Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor pra mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa que o futuro trará, porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O peso da saudade


Nunca imaginei que sentir saudade doesse tanto, nunca imaginei que pesasse tanto, é um peso grande demais pro meu pequenino corpo carregar, e talvez seja por isso que eu me sinta tão cansada nos últimos dias. Sei que não há mais nada a fazer, sei que já fiz tudo que estava ao meu alcanse, mas sempre parece que falta algo, parece que eu poderia fazer uma última coisa, uma última tentativa, mas não adianta. Nós chegamos numa encruzilhada onde cada um seguiu seu caminho, cada um para um lado...mas apenas os corpos se dividiram, os sentimentos, os pensamentos não. Um seguiu o outro. E nessa busca de um pelo outro...um deles se perdeu, e vaga assim, perdido, sozinho, sentindo saudade. É um sentimento quase palpável, quase visível. Mas ninguém vê. Ninguém percebe. Porque saudade não é para ser vista, é para ser sentida, e o orgulho, o orgulho jamais deixaria expor essa dor. É como viver duas vidas, uma linda e tranquila por fora, e outra, um verdadeiro vulcão por dentro, uma bagunça indecifrável que impede qualquer entendimento. Talvez seja necessário mais um ano e sete meses para que tudo se ajeite, para que a saudade amenize, e essas lágrimas que insistem em cair no travesseiro no escuro do quarto sequem...

"Me arde uma alegria, que não aceita ser felicidade, porque a felicidade é uma palavra muito longa e a alegria tem pressa.Uma alegria de deitar na grama e sentir que está molhada e não se importar com a roupa orvalhada e não se importar com a hora e com os modos, uma alegria que é inocência, mas sem culpa para acabá-la. Uma alegria que é descobrir os objetos no escuro. Uma alegria repentina, que me faz entortar o rosto para rir, que não me faz pôr a mão na boca com medo dos dentes, que me impede de me proteger. Uma alegria como um tapete que fica somente curtido no centro. Uma alegria de ficar com pena dos anjos e de suas asas pesadas como duas montanhas nas costas, suas asas como dois irmãos brigando em dia de chuva. Uma alegria de perceber que quanto mais gasto o tempo com os outros mais sobra para mim. Uma alegria que não volta para a estante porque não saiu de nenhum livro lido. Uma alegria que se antecipa e faz sala ao quarto. E quase me faz acreditar que sou possível."
(Fabrício Carpinejar)

domingo, 22 de novembro de 2009

Clarice Lispector

"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."

Sonhando

Se passo o dia, paro e escuto o vento

E ainda não posso entender
Como o improvável insiste em acontecer

Se ando sempre no mesmo caminho
E ainda me encontro com alguém
E vejo que não estou sozinho, eu sei

Se passa o dia, o tempo e conto as horas, e eu sem perceber
Que estou parado vendo o seu retrato, e não vou mais te ver
E vou tentando aceitar

As vezes fujo, corro de mim mesmo, canso e me esqueço de lutar
Sabendo que não posso ser tão tolo assim
Quando me vejo já estou cantando
Solto minha voz e desabafo enfim

Se o telefone toca, eu já sei mesmo que não é você
Se tudo que um dia me falou, eu vejo agora acontecer
Se a saudade aperta e eu não tenho nada a fazer
Se não apenas chorar

Não vou mais querer explicar, eu já sei
Alguém me soprou e falou
Tudo sobre você, e ainda eu vou te ver

Eu quero deitar e sonhar outra vez
Tocar, te ouvir, te sentir
E poder te dizer, como eu amo você
Tocar o meu violão e te ver
Me pedindo pra viver

Me pedindo pra viver
Eu sei

sábado, 21 de novembro de 2009

Martha Medeiros


"Eu posso sentir isso de novo. Que bom. Achei que eu ia ser esperta pra sempre, mas para a minha grande alegria estou me sentindo uma idiota. Sabe o que eu fiz hoje? As pazes com o Bob Marley, com o Bob Dylan e até com o ovomaltine do Bob’s. As pazes com os casais que se balançam abraçados enquanto não esperam nada, as pazes com as pessoas que não sabem ver o que eu vejo. E eu só vejo você me ensinando a dar estrela. Eu só vejo você enchendo minha vida de estrelas. Se você puder, não tenha medo. Eu sou só uma menina que voltou a ver estrelas. E que repete, sem medo e sem fim, a palavra estrela no mesmo parágrafo. Estrela, estrela, estrela. Zilhões de vezes."

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

quinta-feira, 19 de novembro de 2009


Um dia você me disse que se eu quisesse você poderia me ajudar. Mas você não pode. E nem quer... Eu não vou pedir nada Nada, nada...nada mais Chega de implorar migalhas também cansei de ser rato de esgoto por dentro eu sou bem maior. Eis enfim porque sofro: sofro porque te amo! O mundo está cheio de ratos de verdade fora do lugar... ocupando um pedestal sobre os ombros curvados de outros mortais. E a minha voz rouca e muda é de alguém que não tem mais medo é mão que se ergue do brejo numa apelação absurda... ...no desespero de não ter com quem contar nem onde segurar...

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Fernanda Mello


"Eu preciso aprender a ser menos. Menos dramática. Menos intensa. Menos exagerada. Alguém já desejou isso na vida: ser menos? Pois é. Estranho. Mas eu preciso. Nesse minuto, nesse segundo, por favor, me bloqueie o coração, me cale o pensamento, me dê uma droga forte para tranquilizar a alma. Porque eu preciso. E preciso muito. Eu preciso diminuir o ritmo, abaixar o volume, andar na velocidade permitida, não atropelar quem chega, não tropeçar em mim mesma. Eu preciso respirar. Me aperte o pause, me deixe em stand by, eu não dou conta do meu coração que quer muito. Eu preciso desatar o nó. Eu preciso sentir menos, sonhar menos, amar menos, sofrer menos ainda. Aonde está a placa de PARE bem no meio da minha frase? Confesso: eu não consigo. Nada em mim pára, nada em mim é morno, nada é pouco, não existe sinal vermelho no meu caminho que se abre e me chama. E eu vou... Com o coração na mochila, o lápis borrado, o sorriso e a dúvida, a coragem e o medo, mas vou... Não digo: "estou indo", não digo: "daqui a pouco", nada tem hora a não ser agora. Existe aí algum remedinho para não-sentir? Existe alguma terapia, acupuntura, pedras, cores e aromas para me calar a alma e deixar mudo o pensamento? Quer saber? Existe. Existe e eu preciso. Preciso e não quero."

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Terê Penhabe - Carência


Hoje eu só queria um carinho,um dengo, um afago, um mimo desses que alisam a alma da gente e aquecem o coração também. Queria um poema feito para mim mesmo sem rima, sem contexto só um poema no avesso feito de vida e de verdades mil. Não precisava ser assim: - uma obra fenomenal! bastava um escrito normal de quem gostasse de mim. Queria me sentir importante,ser a musa, ser a amante
alguém além do simplesmente,sem precisar chegar a tanto. Hoje eu queria um sorriso disposto em versos talvez que é a linguagem que eu sei,que o mundo me ensinou. Não precisava ser dos grandes,nem tão especial ou brilhante bastava que fosse verdadeiro,um sorriso desses por inteiro. Hoje eu queria pouca coisa e mesmo assim não tenho será que nesse mundo sem fim ninguém faz um poema pra mim?